
á beira-mar
onde corpos espanhóis vagam por entre a noite
o que procuro, senão quartos de torturas
submersos sob a água
a doce ilusão que ao fim do abismo
azul de anil, aos mórbidos daltônicos
doce à salmoura,
livre a profundidade
o que procurar? Senão uma infinidade
do amarelo de Picasso.
sob a sólida estrutura do catolicismo
onde os círios se mantém acesos,
o reflexo lunar se mostra
eternamente
caminho por entre ruas de portas fechadas
ora largas, ora estreitas,
para colher os frutos dourados
da terra
e sob o chão da igreja sóbria
frutos antigos, rejuvenescem.
no jardim do Éden
planto flores artificiais de bordas queimadas
e o incandescente por do sol
alastra-se
por entre as flores do jardim
na sala, onde os espelhos repelem a todos nós
onde cacos flamejam,
onde o rubro resplandece
e tudo aquece as próprias caldeiras
o que fazer?
quando fotografias desidratam a nível dos nossos olhos?
e se o vento desenhasse...
e no próprio ar, escultura de mim
e se pudéssemos tocar à majestosa arte?
e se tudo fosse ilusão ao tato humano
e se por ela
ao vento
voassem minhas cinzas
até onde iria o amor materno?
e se pelos ares, longas viagens fizesse?
à beira mar
a barca dá a partida
e leva consigo
os restos de um mundo perdido.
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